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Quero minhas palavras de volta!

Lembro que há cerca de dois anos escrevi um texto em que criticava o estabelecimento do SEO como premissa básica para qualquer texto na internet, uma estrutura que exige o uso de palavras-chave e construções simples para facilitar a busca online. Mal sabia eu, esse era o menor dos nossos problemas… O verdadeiro deles ainda estava por vir e ele se chama: ChatGPT!

Antes que eu seja apedrejada por maldizer a modernidade e “como avançamos com a IA”, quero dizer que acho sim o ChatGPT uma “mão na roda” para executar tarefas repetitivas e mecânicas e um excelente parceiro para destravar quando estamos com algum bloqueio criativo. Mas para por aí! Só isso! Mas, infelizmente, o que estamos vendo é o Chat ocupando todos os espaços em todos os lugares.

Fico pensando se eu ainda fosse professora de redação! Imagino o quanto os estudantes estão fazendo uso da ferramenta e simplesmente deixando de escrever. Sei de alunos fazendo provas da faculdade com respostas do Chat. Pois é… Mas, pior do que tudo isso… é que o Chat tornou esse público tão preguiçoso que não existe nem a iniciativa de disfarçar o delito. 

E é aí que entro no assunto propriamente dito. Reparam a quantidade de vezes que você tem ouvido as palavras “crucial”, “eficaz”, “memorável”, “jornada”, “vibrante” e, claro, “insights valiosos”? Toda a população resolveu adotar uma nova cartilha de palavras? Não, não… essas são as palavras queridinhas do Chat, utilizadas em TODOS, digo, T-O-D-O-S os textos. Viu um “crucial” ali? Já sabem de onde veio.

Ok, Vivian. Já sabemos então que 90% das legendas do Instagram, dos artigos de blogs e 50% das matérias jornalísticas são do Chat? Já sabemos. O problema, meus amigos, é que a partir de agora todos nós (escritores) fomos privados de palavras tão bonitas e (tirando a ironia) eficazes. Jamais poderei usar novamente a palavra crucial novamente! Uma palavra tão bonita, que tem origem grega, derivada de strôma, -atos, “o que se estende”, que significa: decisivo, inevitável, que ultrapassa os limites habituais. O significado é belíssimo, mas, terei que tirá-lo do meu vocabulário.

Assim como “memorável”, sempre achei uma palavra tão bonita! Um filme memorável, agora deverá ser um simples filme inesquecível. É triste… Mas tenho certeza que mais cedo ou mais tarde, já será possível treinar essa inteligência artificial para que ela não repita mais tantas palavras e daí… bom… daí, meus amigos, vai ser praticamente impossível distinguir o que é real do que é artificial…

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